File:Feiteira em crescimento no Paul da Serra - 2022-08 - Image 213748.jpg

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Feiteira em crescimento no Paul da Serra.

(Pteridium aquilinum)
Em segundo plano na foto (da esquerda para à direita), destacam-se os picos: das Torres, do Gato, do Cidrão e do Arieiro (ou Areeiro).
Fotografia de José Lemos Silva.

Paul da Serra, ilha da Madeira

A feiteira (Pteridium aquilinum)
(José Lemos Silva, 2022)
Eis-nos chegados ao mês de Agosto e com ele a tradição da apanha da feiteira (Pteridium aquilinum). Este feto muito comum na Ilha da Madeira, em alguns locais pode atingir quase dois metros de altura. A feiteira é utilizada na agricultura como adubo verde e para a cama dos animais depois de um processo de secagem natural.
De acordo com o saudoso Professor Adriano Ribeiro (1993), «roçado este arbusto era necessário aguardar que secasse. Quando o tempo favorecia, a feiteira cortada pela manhã poderia ser colocada em molhos e carregada ao final da tarde. Quando os dias se mantinham com chuviscos ou nevoeiro denso, esta enrugava apresentando um aspecto negro. Neste último caso, depois de guardada, poderia apanhar bolôr e mofo, tornando-se imprópria para a cama do gado. Quando a secagem demorava alguns dias tornava-se necessário fazê-la em molhos quando estivesse branda, porque sendo áspera, esfarelava prejudicando muito o seu aproveitamento». Em alguns sítios da Madeira «o molho» (1) de feiteira era designado por «maranho» (2). Este compunha-se de 10 braçados (3), muitas vezes atados com um emaranhado do próprio arbusto ou então com espadana (4) e fazia mais ou menos a carga de um homem adulto. O transporte individual era um pouco incómodo, sendo o peso distribuído pela cabeça e pelos ombros. Por outro lado, o transporte de feiteira também se fazia em carros de bois do planalto do Paul da Serra para as freguesias confinantes da vertente sul. Em outras localidades, onde os caminhos dos lombos e das lombadas tinham maior inclinação eram usados os «corções» ou «corças». Pelos vales profundos e falésias da Ilha, o transporte de feiteira era feito através dos «fios de carga». Em tempos de penúria alimentar que a Madeira foi atingida no passado, segundo o Professor Adriano Ribeiro (1992), os «madeirenses souberam extrair» da feiteira «um alimento vital pelo facto das raízes terem amido; este era retirado para fazer pão. Depois de arrancadas, eram lavadas várias vezes e postas a secar. Em seguida, torravam-se e na última fase era moída em farinha. Amassada e levedada ia a cozer no forno, como se tratasse de um pão comum. Construídas com pedras adequadas para conservar o calor, ainda hoje se encontram destas fornalhas improvisadas nalgumas serras da Ilha».
A toponímia da Madeira regista desde épocas remotas em quase todos os concelhos, sítios com denominação de «feiteiras», que estão ou estiveram relacionados com a abundância desta planta. Neste âmbito, a feiteira era «roçada» na altura própria para voltar a rebentar com vigor no ano seguinte. O corte desordenado deste feto teria como causa principal a sua diminuição e por vezes o seu desaparecimento em determinados locais e a daí ser objeto das antigas posturas municipais. Assim, o seu corte por tradição foi estabelecido para o mês de Agosto (?), mês em que na maioria dos locais da Madeira a feiteira atingia a sua maturidade natural, ou seja, «ficava madura». Por curiosidade, uma postura da Câmara Municipal do Funchal de 1895, (Secção 4ª/Dos arvoredos, matos e pastos das serras/capitulo único, p. 22), determinava o seguinte: «Art.º 85 – A ninguém é permittido apanhar ou colher nas serras feiteira, que esteja ainda tenra: é só sim concedido apanha-la depois de madura, e n’este caso será sempre roçada e nunca arrancada pela raiz, sob pena de 2$000 rs., metade para as despesas do Concelho, e outra para o denunciante.»
Notas:
(1) «Molho»: muitas porções juntas e atadas.
(2) «Maranho»: molho de gramíneas, feiteira, carqueja, giestas, urze, palha-carga, etc., etc..
(3) Um «braçado»: é o que se pode abraçar e levar nos braços de uma vez (braçada).
(4) <a href="https://www.facebook.com/photo/?fbid=1638643503142853&set=gm.4311722765596648&__tn__=-UK*F">https://www.facebook.com/photo/?fbid=1638643503142853…</a>
Referências bibliográficas:
RIBEIRO, Adriano, «A feiteira no concelho da Ponta do Sol, 1800-1840», publicado no Diário de Notícias em 8 de julho de 1992.
RIBEIRO, Adriano, «O transporte em carro de bois no concelho da Ponta do Sol», publicado no Diário de Notícias em 19 de Agosto de 1992.
RIBEIRO, João Adriano (1993), «Ponta do Sol – Subsídios para a História do Concelho», edição da Câmara Municipal da Ponta do Sol.

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Source Arquipelagos (consultar ficha)
Author José Lemos Silva

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