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Sumário de Búzio

Caderno literário organizado por António Aragão (1921-2008), Impressão no Porto, 1956

António Manuel de Sousa Aragão Mendes Correia (São Vicente, ilha da Madeira, 22 set. 1921; Funchal, 11 ago. 2008). Filho de Henrique Agostinho Aragão Mendes Correia e de Maria José de Sousa, frequentou o Liceu Jaime Moniz, a Escola Superior de Belas Artes e licenciou-se em Ciências Históricas-Filosóficas pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, tendo, em 1960, estagiado em Paris e Roma, onde frequentou ateliers de restauro. Em 1946, António Aragão ganhara o 2º prémio dos Jogos Florais da Madeira com o poema: “Presentemente“, tendo depois integrado com outros autores o grupo português de poesia experimental, a partir da década de 60 e que, desde muito novo, se dedicou também à pintura. Desde 1972 e até à década de 80 foi diretor do Arquivo Regional da Madeira, anteriormente designado Arquivo Distrital do Funchal, fazendo também parte da comissão diretiva do Museu da Quinta das Cruzes e sido professor da cadeira de História da Arte na Academia de Música e Belas-Artes da Madeira, mas o que deve ter sido pontual. Deixou interessante obra pública escultórica na Madeira e no Porto Santo, ilustrou a obra Canhenhos da Ilha, de Horácio Bento Gouveia (1901-1983), 1966 e deixou ainda obra historiográfica, com especial referência para o Funchal.
Como anuncia na nota introdutória, Búzio não previa qualquer “periodicidade ou compromisso de ideias ou sistemas”, pretendia “apenas um enfeixar de diferentes vozes, umas conhecidas, novas e dispersas, outras de que no tempo já muito foi dito”. Acrescenta ainda que este trabalho era também “uma defesa contra o silêncio, uma espécie de revolta frente ao geografismo imperioso que como uma anulação, impõe constante e unicamente um céu azul por cima e um pitoresco turístico em volta”, numa alusão à decorrente subserviência da economia e da sociedade madeirense face ao turismo internacional. Nesta coletânea, num ensaio sob o título “O público e as novas morfologias”, apresenta as principais linhas que vão nortear a sua produção literária e plástica dos seguintes anos: a contínua destruição do convencional para sobre o que restasse construir o mistério. Face à existência de uma “dissociação da arte com o público na aguda crise da incompreensão e do consequente repúdio, derivada da mudança de símbolos, da afirmação de novas morfologias, e até do regresso a fontes primitivas capazes de criar mistério” impunha-se ao artista, como “poderoso iconoclasta”, destruir essas formas definitivas e já esgotadas, para sobre elas construir, “com outra morfologia, o mistério”. Só o artista, efetivamente, “se apercebe desse esgotamento e da necessidade de destruição”, mas que teria de ser uma “destruição sem sentenças ou elaborados racionalismos, sem prévios padrões políticos, sociais, económicos ou religiosos, destruição assistemática, inviolável, finalizada em si própria, egocêntrica e espontânea”.