Comissões administrativas

Notícia de que por instruções do diretório nacional do Partido Nacionalista os membros das suas listas deveriam apresentar a demissão:
Junta Geral: presidente, tenente coronel António Bettencourt da Câmara (1879-1927), conservador; vive-presidente, capitão Abel Magno de Vasconcelos (1888-1969), independente; vogais: 1º tenente da Marinha Samuel da Conceição Vieira, independente, dr. Alexandre da Cunha Teles (1891-1936), monárquico,  e Luís Portugal Rodrigues dos Santos, independente;
Câmara Municipal: presidente, coronel Luís Correia Acciauoli de Meneses (1858-1942), conservador;  vice-presidente, capitão Francisco Silvestre Varela (1883-1969), democrático simpatizante; vogais: capitão Edmundo da Conceição Lomelino (1886-1962), independente; Manuel Nunes Farinha, democrático simpatizante, engenheiro  Herculano Lourenço dos Ramos (1893-1967), monárquico, Augusto César Bettencourt Pimenta, independente, e dr. Luís Bettencourt da Câmara (1885-1950), nacionalista.
Levantamento da Orlando Ornelas para a tese sobre Alexandre da Cunha Teles (1891-1936).

António Bettencourt da Câmara (1879-1927), filho do tenente de Caçadores 12 José Joaquim Bettencourt da Câmara e de D. Maria Rita Jardim da Câmara, frequentou o Real Colégio Militar e a Escola do Exército, vindo a casar no Funchal, a 31 de outubro de 1903 e então como alferes de Infantaria 27, com D. Joana Sultana Abudarham, de uma importante família de comerciantes judaicos franceses radicados no Funchal. Vindo a herdar os negócios do sogro, teve ativo papel na Associação Comercial do Funchal a partir de 1919 e, em 1926, após a instauração da Ditadura Militar é chamado à administração da Junta Geral, à qual preside no ano seguinte, mas falecendo pouco depois.
Tenente-coronel Abel Magno de Vasconcelos (1888-1969), oriundo de famílias do Porto Santo, vem a ingressar no Exército, onde faz grande parte da sua carreira até ao posto de tenente-coronel. Quando, em 1926, ocorre o pronunciamento que implanta a ditadura militar, os lugares cimeiros da administração pública foram entregues a militares, como veio a acontecer na Junta geral do Funchal, assumindo a presidência o então capitão Abel Magno de Vasconcelos, a 7 de abril de 1927. A primeira questão com que se vai debater esta Junta é o decreto 13514, de 25 de abril de 1927, pelo qual o Estado manda entregar à Corporação Diocesana o chamado Palácio da Encarnação, então sede da Junta Geral e dos seus serviços, assunto objeto de inúmeros artigos na comunicação social e o que leva ao pedido de demissão, em bloco da Junta, a 14 de maio de 1928, mas pedido de demissão que não foi aceite. A entrega foi assim adiada, mas voltaram a surgir diferendos, como a deslocação da estátua de Zarco a Sevilha, então a ser feita no atelier da antiga capela da Encarnação, anexa ao palácio. A última sessão presidida pelo tenente-coronel Abel Magno veio a ser a de 3 de julho de 1930.
Alexandre da Cunha Teles (Funchal, 15 maio 1891; Lisboa, 18 mar. 1936), advogado, escritor e filantropo, era filho do general Norberto Jaime Teles (1852-1936) e de D. Margarida da Cunha Teles, tendo sido pai da pintora Martha Telles (1930-2001) e outros.
Francisco Silvestre Varela (1883-1969), nascido na Ponta do Sol, a 31 dez 1883, seguiu a carreira militar na arma da Infantaria, prestando serviço em Moçambique, entre 1913 e 1915, integrando o Corpo Expedicionário Português, em 1918, atingindo o posto de coronel em que passou à reserva, em 25 set. 1942 e se reformou em 31 dez. 1953, por atingir o limite de idade. Foi comandante do BI 19, do Funchal e do 15, de Castelo Branco, tal como do DRR do Funchal. Ocupou várias vezes o lugar de Cmdt. Militar da Madeira, a última das quais em 1939, quando deflagrou a 2.ª GGuerra, tendo sido presidente da Câmara do Funchal depois do 28 de maio de 1926, entre 1927 e 1931, sendo da sua vigência governativa a compra do palácio de São Pedro e a delimitação e arborização do Montado do Barreiro, ainda sendo, em 1956, presidente do Grémio da Lavoura do Funchal. Faleceu no Funchal, a 7 jul. 1969, com 76 anos de idade.
Edmundo da Conceição Lomelino, nascido no Funchal, a 8 dez. 1886, entrou para o Exército e para a arma de Infantaria, integrando o Corpo Expedicionário Português em França (1916-1918), mas tendo-se dedicado quase desde sempre à música e ao teatro, como compositor e intérprete, especialmente de obras para piano. Participou em quase todas as principais revistas e outras obras teatrais musicais levadas à cena nas décadas de 20 a 60 no Funchal. Faleceu também no Funchal, a 15 de abril de 1962.
Luís Bettencourt da Câmara (Funchal, 7 Set. 1885; idem, 1950). Filho de Tristão Bettencourt da Câmara e de Cristina Matilde de Almada e Câmara, era licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra e foi vogal da vereação camarária do Funchal, tendo sido pelo seu pelouro que se fez a aquisição do Palácio de São Pedro e parte dos livros da Biblioteca Municipal.