File:O mito de Lúcifer - Belchior e a filosofia como o diabo gosta.pdf

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Português: Haverá um momento na análise das letras de Belchior em que se falará de povo e da necessidade de se resgatar o povo. O ponto central a ser, antes de tudo, assegurado é: não existe povo. Sem isso em mente tudo se turva facilmente e muito facilmente perdemos o fio da diferença (por meio da qual se antevê também a identidade), da diferença entre o real efetivo e a aparência de realidade. Não existe povo, ou ele existe como nada, como magma, como personagem em busca de um ator; coisa fungível ou conteúdo indistinto em busca de forma distinta, ou forma pura, abstrata, que pode absorver quaisquer conteúdos misturados ou misturáveis. Algo como que “selvagem”, “bruto”; sedimentos de estuque a espera de escultura. Daí, se tomamos como critério a autoconstituição popular como produção de realidade efetiva, então o povo existe ainda menos; porque, para constituir-se a si mesmo, serpente completa, jiboia que a tudo abarca, numa palavra, como totalidade viva, seria preciso que detivesse em seu poder todos os instrumentos e mecanismos de apropriação e criação de mundo, isto é, os meios de produção econômica, de produção política, de produção cultural etc. Quando isso pode acontecer? Marx e o marxismo tentaram dar uma resposta a essa pergunta, e em nome daquela resposta (a revolução social), fizeram-se a si mesmos mais uma dentre outras frentes possíveis de constituição de povo. Deixaram de ver, contudo, exceção feita a Walter Benjamin, que a autoconstituição é processo de simbolização tanto ou muito mais que de revolução (a própria revolução é um símbolo, mais que um ato de abalo), e que a simbolização, uma vez efetuada, tende, em sua qualidade de ato, a fazer ruir até mesmo o próprio marxismo se ele se oferece como pensamento cristalizado.
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Source https://www.editorafi.org/ebook/657belchior
Author Abah Andrade

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