Commons:Wiki Loves Monuments/DEI research 2022/Final report/Aprendizagens

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Visão geral Introdução Aprendizagens Recomendações Possíveis obstáculos O que temos em andamento? Apêndice



Inclusão e identidade comunitária

 

Wiki Loves Monuments (WLM) é uma competição que nasceu no norte global. Sua base estrutural foi criada levando em consideração os requisitos culturais, econômicos e políticos dos países desenvolvidos. Embora constantes esforços tenham sido feitos para mudar esse viés e incluir experiências do sul global, ainda há um longo caminho a ser percorrido.

Conforme destacado no relatório provisório, muitos países enfrentam o olhar colonial das listas oficiais de patrimônio e a subsequente exclusão de comunidades sub-representadas dessas listas. Organizadores nacionais de diferentes países, no entanto, têm tentado contornar esse problema usando listas com curadoria por parte de organizações não governamentais do setor de patrimônio e mobilizando a população local para pressionar suas câmaras municipais para acrescentar seus monumentos à lista oficial.

Geralmente, solicitamos a população local para procurarem as câmaras municipais para acrescentar seu patrimônio à lista. - Brasil

Apesar desses esforços, existe um sentimento de insatisfação entre alguns organizadores nacionais em relação à atual definição de monumento usada por WLM. Eles acreditam que limitar a definição de monumentos ao “patrimônio edificado” tende a destacar a compreensão colonial de monumentos que não abre espaço para o patrimônio indígena. Isso, por sua vez, diminui a motivação entre as comunidades locais para participar do concurso de fotografia e dificulta a inclusão.

No entanto, seria incorreto supor que a questão das listas oficiais de patrimônio não inclusivas é pertinente apenas no sul global. As listas de patrimônio nacional em muitos países ocidentais enfrentam problemas semelhantes de exclusão e o não reconhecimento de comunidades marginalizadas. Tem havido iniciativas por parte de alguns organizadores nacionais para superar isso. No entanto, um novo conjunto de dificuldades surgiu quando da implementação dessas iniciativas.

 

O tema de fotografar lugares sagrados foi introduzido para abordar a inclusão de pessoas e locais Saami na lista (de patrimônio)... No entanto, a comunidade não se sentia confortável em deixar que alguns de seus lugares sagrados fossem fotografados. - Finlândia

Experiências como as acima mencionadas requerem uma introspecção em relação a nossas abordagens de inclusão, especialmente no caso de sítios culturais indígenas. Isso incluiria abordar a questão de como continuamos respeitando suas preocupações em relação à privacidade e apropriação enquanto documentamos e compartilhamos seus conhecimentos. Isso é especialmente importante porque a competição WLM está relacionada ao domínio público e é uma fonte de dados aberta, o que pode tornar seus locais sagrados mais suscetíveis à `'intrusão" por parte de fotógrafos entusiasmados. Portanto, criar as condições para um diálogo aberto entre Wikimedianos e comunidades indígenas locais sobre suas visões em relação à inclusão e compartilhamento de conhecimento pode ser uma forma eficaz de identificar uma maneira adequada de contornar esse problema.

Resumindo, pensar em inclusão é pensar a partir do olhar daqueles não incluídos ou marginalizados. Nossas estratégias de inclusão precisam ser desenvolvidas levando em consideração o que a comunidade precisa, e não o que achamos que ela pode precisar.

Mudando o Olhar do Fotógrafo

 

Um dos principais objetivos de Wiki Loves Monuments é documentar monumentos relacionados ao conhecimento cultural em todo o mundo por meio de fotografias. No entanto, por se tratar de uma competição fotográfica, os participantes e o júri tendem a priorizar a estética do monumento e a qualidade da fotografia.

Muitas das estruturas (edificadas) não estão bem preservadas… não são tão atrativas quanto o patrimônio natural… Então as pessoas tentam não tirar fotos delas. - Venezuela

Há muito pouco incentivo para documentar outros monumentos (além de destinos turísticos populares). - Croácia

Os participantes geralmente tendem a fotografar monumentos “bonitos”, ou seja, aqueles que são bem mantidos pelo governo e são destinos turísticos populares. Isso se deve aos participantes acreditarem que fotografar estes monumentos lhes proporcionará uma melhor possibilidade de vencer a competição. Isso resulta numa lacuna de documentar monumentos pertencentes a comunidades marginalizadas, pois estes monumentos são menos propensos a serem protegidos e são mais suscetíveis à deterioração por falta de ação governamental.

Temos introduzido categorias de prêmios especiais para incentivar os participantes a fotografar, tais como ‘melhor fotografia em cada sub-região’, ‘melhor fotografia de patrimônio judaico’, etc. - Ucrânia

Documentar esses monumentos não apenas promove a representação inclusiva na competição, mas também abre um espaço para iniciar um diálogo entre comunidades locais e instituições de patrimônio cultural sobre a importância de preservar esses locais. Por exemplo, os organizadores de WLM na Ucrânia compartilharam como a introdução de categorias especiais de fotografias não apenas os ajudou a documentar monumentos que correm o risco de serem destruídos, mas também ajudou a criar a conscientização necessária para ajudar monumentos anteriormente ignorados a serem listados nas listas oficiais de patrimônio.

Além disso, podemos considerar que incentivar os participantes a tirar fotos de monumentos quando estão sendo usados de diferentes maneiras, como durante festivais e outras atividades comunitárias ou enquanto estão sendo recuperados através de ações de demolição ou reaproveitamento, pode ajudar a acrescentar uma camada adicional a sua história. Tais fotografias ajudam a capturar a essência do local do patrimônio e a relação complicada que as pessoas compartilham com ele.

O Gênero é importante

 

As experiências de gênero desempenham um papel chave na formação de nossas visões do mundo e nossas perspectivas em relação ao ambiente ao nosso redor. Isto é especialmente visível nas formas como interagimos com a cultura e os espaços patrimoniais.

Por exemplo, monumentos localizados em áreas remotas longe dos centros urbanos geralmente não são fotografados devido aos custos elevados de viagem ou questões de segurança. Este último ponto é um impedimento que afeta especialmente mulheres fotógrafas, que podem preferir visitar o monumento como participante de um grupo ou durante o dia. Por outro lado, mulheres podem não ter acesso a determinados espaços em um monumento, como um espaço religioso em funcionamento, devido à segregação de espaços baseada no gênero que por sua vez ditaria os aspectos do monumento que elas podem fotografar.1 Dessa forma, o gênero acrescenta uma nova dimensão não apenas à documentação, mas também à fotografia. Assim, os monumentos que o fotógrafo ou fotógrafa acaba fotografando, os aspectos específicos do local que são fotografados e a hora do dia em que a fotografia foi tirada, tudo isso tem a ver com a experiência de gênero. Esses meandros de como as pessoas experimentam e se relacionam com o espaço criam camadas adicionais nas narrativas e conhecimentos na plataforma Wikipedia.

No entanto, esta situação pode variar de país para país. Restrições iguais ou semelhantes baseadas no gênero podem não existir em cada país participante. Isto dito, os organizadores de WLM precisam estar cientes do fato que barreiras de gênero podem estar presentes em diferentes formas e é importante estar atento a essas barreiras para tornar a competição mais equitativa. Por este motivo, é muito pertinente trabalhar para garantir a representação inclusiva de gênero em vários processos da competição.

Incluir mais mulheres na organização de WLM cria um vínculo e motiva uma maior participação de mulheres no país. - Uganda

Em primeiro lugar, é fundamental levar em consideração a diversidade de gênero na formação da equipe organizadora da competição. Conforme mencionado na citação acima, ter pessoas do mesmo gênero seu na equipe organizadora pode fazer a pessoa se sentir valorizada e com esperanças de que suas perspectivas e experiências sejam levadas em consideração.

Como mulher no movimento, para mim, esse tipo de reconhecimento (a perspectiva feminina em nossos projetos) é ainda mais poderoso quando vem de meus colegas homens. Isso me faz sentir apoiada e me faz sentir que tenho aliados que destacam essa importância e conseguem enxergar além de suas próprias perspectivas relacionadas ao gênero. - Ciell, WLM-internacional

No entanto, ter pessoas de diferentes gêneros na equipe por si só não é o suficiente. Para tornar a competição mais equitativa, também precisamos lembrar que certos gêneros podem, devido à sua identidade, estar em desvantagem em relação a ter acesso aos recursos necessários para participar da competição. Por exemplo, organizadores do Brasil e Uganda compartilharam como, em comparação aos homens, as mulheres do país tendem a ter mais dificuldade em acessar recursos como câmeras e internet, ou seja, necessidades básicas para poder participar de uma competição de fotografia digital como WLM. Consequentemente, isso exigiria um esforço mais focado em preencher a lacuna de acesso entre os gêneros e tornar WLM mais equitativo. Isto poderia acontecer na forma de passeios fotográficos organizados, recursos incluídos no orçamento, ajuda de custo para viagens e assim por diante.

Isto dito, também é importante enfatizar a necessidade de olhar além do binário de gênero enquanto se trabalha para a inclusão de gênero. A comunidade LGBTQI+ tem sido consideravelmente sub-representada e marginalizada na escrita da história e seu patrimônio muitas vezes considerado sem importância. Envolver pessoas da comunidade na organização da competição em seu país e incluir seus monumentos nas competições nacionais e internacionais nos ajudará a criar um espaço mais tolerante e inclusivo para todos.

Idioma e Comunicação

O idioma desempenha um papel integral na comunicação de ideias e necessidades e no compartilhamento de conhecimento. Não poder acessar informações em seu próprio idioma pode dificultar a capacidade de entender a tarefa em questão, e também limitar seu envolvimento com a campanha como um todo. Em outras palavras, limita a participação diversificada de países com falantes não nativos de inglês.

Tem havido comunicação (por parte de WLM-i), mas o problema é a barreira do idioma… às vezes é difícil traduzir o texto para o espanhol. - Venezuela

Essas lacunas na comunicação linguística podem ser facilmente solucionadas aumentando a tradução de documentos e recursos de campanha para o idioma local.2 No entanto, algo importante que sempre temos que lembrar ao trabalhar com traduções é que as palavras às vezes tem um significado diferente em um idioma e contexto cultural diferentes.

Os participantes ficam confusos com o termo “monumentos” que diz respeito às estruturas típicas das praças públicas. - Filipinas

Comunidades e organizadores locais podem relacionar-se e identificar-se com uma palavra diferente sob o mesmo tema. É importante manter essas complexidades de idiomas em mente ao desenhar estratégias de comunicação entre regiões linguísticas.

Notas

1.^ Essas questões de acesso podem não ser específicas de gênero. Classe, posição social, raça, deficiência, etc., podem somar as mesmas.
2.^ A equipe internacional de WLM recebeu um grant para iniciar a tradução de documentos selecionados da campanha de WLM para 12 idiomas globais e espera continuar trabalhando para reduzir a barreira do idioma.


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